A Serra da Opa

Fica nos limites do concelho de Penamacor com o concelho do Sabugal. O seu cume marca parte do limite entre a Beira Baixa e a Beira Alta, mas não se enganem: a serra da Opa até nem é muito alta e estando em boa forma trepa-se bem pelo próprio pé, sem necessidade de especiais adereços. Um cantil cheio trazido de casa e um cajado de ocasião escolhido já a caminho podem ajudar. No cimo talvez encontre como bónus as ruinas de alguns castros de antanho. De lá do alto poderá disfrutar de belas vistas para o Casteleiro, Moita, S. Estêvão, Vale, Meimoa,Benquerença mas também, espreitando para Norte, a silhueta de Sortelha, a Sera de São Cornélio, a da Gardunha e para Oeste a Estrela e o vale da Cova da Beira, para leste a Malcata e um vislumbre da Serra da Gata, já em Espanha. Vale a pena subir à Serra da Opa, em Sortelha à Serra de São Cornélio,vale sempre a pena subir a uma montanha.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Via hipotética que derivava do Itinerário XV Lisboa-Mérida

Variante por Meimoa: Casteleiro (vestígios no Convento de S. Francisco do Anascer, junto Ribeira do Casteleiro, e no Coito de Cima)
Rotas: várias correcções, sequência e milhas do Itinerário Alvega-Sabugal-Salamanca, com base nos miliário de St. Estevão e de Alagoas
Via hipotética que derivava do Itinerário XV Lisboa-Mérida em ARITIUM VETUS (Casal da Várzea, Alvega), atravessava o rio Tejo numa Ponte Romana referida por Francisco d' Holanda como "acima d'Abrantes", dirigindo-se para NE, passando em Castelo Branco, IGAEDITANIA, a importante civitas em Idanha-a-Velha, seguindo depois para Sabugal em direcção a Salamanca por Ciudad Rodrigo. Este itinerário tenta ligar uma série de troços de calçada e outros vestígios dessas regiões. De Mação, área muito romanizada, seguiria pela Ponte antiga sobre a ribeira de Pracana até Castelo Branco, onde talvez se divida, seguindo um ramal para Idanha-a-Velha e outro ramal para Caria, cruzando com o Via Braga-Mérida nesses pontos. A partir daí, a via deveria seguir para Sabugal atendendo aos miliários encontrados em Vale do Lobo, com o primeiro ramal, partindo de Caria, pelo Casteleiro e o segundo, partindo de Idanha-a-Velha pela ponte de Meimoa até se reunirem em Vale da Sra- da Póvoa. Estes traçados são hipotéticos e podem estar misturados com troços da via Braga-Mérida.
"Quim"

A RAIVA DO ALVA

Corre em Pombeiro da Beira uma velha história sobre uma disputa entre três rios portugueses nascidos na serra da Estrela: o Mondego, o Alva e o Zêzere.
Nascidos da mesma mãe, viviam os três irmãos, serpenteando pelas vertentes, tranquilos e alegres, amigos e companheiros. Passavam os seus dias mirando-se cada um na limpidez das águas dos outros e jogando ás escondidas nas gargantas, furnas e sorvedouros da gigantesca mãe.

Certa tarde, porém, pela noitinha, envolveram-se em azeda discussão, ao que parece motivada por arrogância de valentias. Trovejaram rivalidades e prometeram-se romper as prisões de infância, acabando por desafiar-se para uma corrida cuja meta seria o corpo enormíssimo do mar. o primeiro que lá esbarrasse seria o melhor de todos os três!

Qual deles descobriria melhor o caminho ? Qual conseguiria desenvolver maior barulho e força? Qual dos três seria o primeiro a oferecer as suas doces águas ás salgadas águas do mar? Era o que iria ver-se!

O Mondego, astuto, forte e madrugador, levantou-se cedo e começou a correr brandamente para não fazer barulho. E sem levantar suspeita foi escorrendo desde as vizinhanças da Guarda, pelos territórios de Celorico, Gouveia, Manteigas, Canas de Senhorim. Na Raiva, onde os primos vieram cumprimentá-lo, robusteceu-se com eles e dali partiu na direcção de Coimbra, depois de ter atravessado ofegante as duas Beiras.

O Zézere, porém, estava alerta, e, ao mesmo tempo que o Mondego o fez, começou a mover-se oculto no seu leito de penhascos, enquanto pôde. Foi direito a Manteigas, onde perdeu de vista o irmão. Passou também perto da Guarda, desceu correndo até ao Fundão e, de repente, desnorteou, obliquando para Pedrógão Grande. Quando deu por si, no meio daquela louca correria, tinha atravessado três regiões e estava ainda em Constância. Aí, cansado e desesperado, vendo-se perdido e sem hipótese de alcançar o mar, abraçou o Tejo e ofereceu-lhe as suas águas.

O Alva, poeta sonhador, entreteve a sua noite contemplando as estrelas. Adormeceu por fim, placidamente, confiado no seu génio, e quando acordou, estremunhado, era manhã alta. Olhou em volta e viu os irmãos correndo por lonjuras a perder de vista. Que fazer agora? Que imprevidente fora! Mas... remediar-se-ia o desastre!! E o Alva atirou consigo de roldão pelos campos fora, rasgou furiosamente montanhas e rochedos, galgou despenhadeiros, bradou vinganças temerosas. E quando julgou estar a dois passos do triunfo... foi esbarrar com o Mondego, que há horas já lá ia, campos de Coimbra fora, em cata da Figueira, onde se lançaria no seio maternal do oceano, ganhando assim a tão discutida corrida.

O Alva esbravejou e com a sua furiosa zanga atirou-se ao irmão a ver se o lançava fora do leito. Quando se sentiu impotente ante a serenidade majestosa do outro, espumou de raiva. E o Mondego, rindo, engoliu-o de um trago.

Ao memorável local de encontro, a foz do Alva, passaram as gentes a chamar-lhe Raiva em memória deste caso "tremebundo".

J. Gouveia

sábado, 23 de janeiro de 2010

A LENDA DO POiO DE SORTELHA

Conta-se que no tempo das guerras contra os Mouros, Sortelha estava submetida a um forte Cerco e em perigo de rendição.

Os géneros já se tinham esgotado. O Alcaide mandou perguntar por reservas e chegou à conclusão de que havia apenas a preciosa água que brotava na Fonte-de-Dentro que tantas vezes tornou Sortelha invencível e uns restos de farinha de centeio, alguns grãos de cevada da ração dos cavalos e no fundo de um pote de azeite, duas Bucheiras.

Com falta de alimentos estava também o acampamento da Moirama, fustigada pelas corujeiras de Janeiro.

Em situação dramática, houve a feliz ideia de juntar todos os restos de grãos de centeio e de cevada e milho moe-los em moinho de mão como se fosse para fazer carolo e com alguns galhitos e portas velhas, conseguiu-se aquecer o forno e fazer uma apetitosa Poia Grande Recheada, um grande Poio.

Embora a force fosse muita e colectiva toda a gente concordou que se mostrasse fartura ao inimigo e se atirasse sobre a tenda do Chefe Mouro, que estava montada mesmo ali por baixo do Castelo, ao sol, abrigada num Barroco.

Procurou-se o mais valentão e de melhor pontaria e depois de se ter feito Algazarra no Castelo, quando os Mouros, espreitavam em posição defensiva, questionando-se o porquê de tanta chamada de atenção, um valentão da nossa terra, capaz de partir de longe com uma pedrada uma perna de cabra aheia que lhe entrasse na horta, reparando onde estava o Emir, atirou-lhe com o apetitoso Poio, ao nariz.

Não lho amachocou porque ele se desviou.

Toda a Moirama queria ver que arma era aquela, que projectil era aquele.

Às Pedras já estavam habituados. Quando viram que era pão e ainda por cima recheado e quentinho, nem olharam a ordens ou a obediências.

Todos procuraram corner um bocado, quai bando de Corvos esfomeados.
A confusão foi tal que o Emir nem provou um bocadinho - só ficou com o cheiro.

E o suculento Poio provocou dissidências e quase uma rebelião pelo que se viu por vozes e gestos pois que se pela Fome não venciam Sortelha, pela força das armas, seria impossível.

O resultado da indisciplina e mal estar entre os Sitiantes foi desmontarem as tendas e abalarem, pelo Ribeiro abaixo, enquanto os Sortelhenses aliviados, foram respeitosamente dar graças a Nossa Senhora das Neves. E as Portas abriram-se e houve Pão.

E da Torre do Facho, avisaram-se os outros castelos vizinhos tais como o de Belmonte, Covilhã e Monsanto que os Mouros tinham abalado, que tivessem cuidado com eles.

Verdade ou mentira, o que é certo é que o ribeiro ficou conhecido por Ribeiro do Poio que desse até ao Casteleiro.

J. Gouveia

A LENDA DO PASTOR DA SERRA DA ESTRELA

Era uma vez um pastor.... que vivia longe... muito longe... numa terra distante, talvez para os lados do Alentejo ou do Sul de Espanha... Não se sabe muito bem, porque esta estória, já vem dos tempos muito antigos, em que o Alentejo não se chamava assim.
Um dia, ou uma vez, que foram muitas, durante muito tempo, enquanto apascentava o gado e trabalhava no amanho dos campos deixou-se apaixonar por uma estrela, que parecia uma estrela das do céu, mas não era. Ele via-a brilhar, ao longe, muito ao longe, nas noites que passava sem dormir, ou quando tinha de passar as noites a vigiar ou cuidar do gado que não escolhe horas para ter as crias. Via-a brilhar como um ponto luminoso muito distante e indistinto, que por vezes lhe aparecia em forma de mulher vestida com um esplendoroso vestido branco com um manto a esvoaçar...
E um dia, apesar das desconfianças e olhares reprovadores dos vizinhos e das pessoas da família, abalou à procura da sua estrela... - Quem sabe? É, talvez mesmo, o destino que me chama?!!!

Correu montes e vales... viajou... perdeu terras e países por onde passou e conheceu muita gente e ia ganhando o seu sustento e... chegou finalmente a uma terra de encantamento... Ali estava, mesmo diante da sua vista, uma montanha vestida de branco, como a estrela brilhante que lhe aparecia por vezes em figura de mulher! Foi o deslumbramento! - Vou conquistar o cimo daqueles montes brancos, que desde há tanto tempo, tanto me fascinam! Avançou. As gentes das terras que bordejavam a serra bem o avisaram e tentaram dissuadir... - Aquilo são os Montes Ermos, os Hermínios, a Terra dos Segredos e Mistérios... Todos os que a tentaram conquistar, partiram e nunca mais voltaram!!!...

Ele ouviu e partiu...



Ao entrar nos ermos onde só havia lendas e fantasmas... descobre... é atacado por um corpulento animal que o desafia, mas logo se reconhecem e passa, afinal, a ser o cão seu companheiro e guia, que assim substituiu o seu cão de pastor que perdera durante a longa viagem que durara tantos anos de procura... Já com o seu Cão da Serra descobre os imensos rebanhos de cabras e ovelhas que povoavam a serra e o aceitam como seu pastor e guarda, para os defender dos lobos da serra e das feras que os dizimavam... Senhor de tanta riqueza, vai caminhando sempre para o alto e e à medida que subia ia dando nomes às coisas e lugares, que encontrava e o iam encantando... - Além, aquelas pedras que se erguem como sentinelas e marcam o lugar da fronteira, onde deixei de ver gente, casa e aldeias, ficam a chamar-se as Portas dos Hermínios... as portas para os que quiserem ir em busca dos mistérios e segredos... Este rio será chamado Zêzere por causa dos azereiros, aquela espécie de salgueiros, que lhe bordam as margens... Esta é a pedra do Urso, que o cão foi atacar e confundiu com a fera... Aqui são as Penhas da Saúde, onde tive de acampar durante os tempos bebendo do leite e comendo dos rebanhos até descobrir o pão de centeio que ali engradece mais, no alto... e foi ali que recobrei as forças e fabriquei os agasalhos que me levariam ao cimo... Mais além ficaram as Arcas do Pão... Além a Argenteira... os Cântaros majestosos donde corre a água pura das montanhas... e a Rua dos Mercadores, a fenda na Montanha por onde hão-de vir os que me procuram, para mercar o leite e os queijos e as manteigas saborosas... Lá mais ao longe a Candeeira de mil luzes e desfiladeiros... e mais ao longe as Penhas Douradas, que brilham como o oiro ao Pôr do Sol ... e o Vale dos Cavalos Rocim... E o Vale das Éguas... e já a caminho do alto aparece o Terroeiro, que se despenha pelo Covão do Ferro... O Covão do Boi e as Quiejeiras, onde os bois e vacas se juntaram aos imensos rebanhos que pascia... E, enfim, o cimo, o alto, cercada pela Penha do Gato, a Penha dos Abutres, a Pedra de Ver o Mar, as Pedras Vermelhas o Malhão da Estrela de cinco pontas, à imagem da Estrela brilhante que, desde há tanto tempo o tinha seduzido lá do alto!!! Esta é, a partir de agora, a minha Serra, a minha Terra, a Serra da Estrela que eu chamo a minha S.Terra.

Quando o rei do mundo ouviu falar de um pastor audaz, que tinha conquistado a Serra dos Montes Ermos, onde nenhum humano se atrevera a entrar, a Montanha dos Segredos e Mistérios, que afinal lhe granjearam a fama de ter grandes riquezas, o rei do mundo enviou seus emissários para lhe exigir vassalagem! Eles foram e em tempo propício encontraram o Pastor. - dizem que vos intitulais o Rei dos Montes Ermos? Deveis vassalagem ao rei do mundo, - disseram. - Este meu Reino não é desse mudo... - retorquiu o pastor. - O rei do mundo dar-vos-á mil riquezas e poderes em troca do teu Reino. - Parti e ficai com o vosso rei e o vosso mundo... e não volteis porque a Terra, a Serra devora os cobiçosos e infames... Eles partiram, contaram ao rei do mundo as respostas do Pastor e furioso mandou os seus melhores generais com numeroso exército dar uma lição àquele Pastor. - Atrevido! Insubmisso! Não sabe que sou eu o rei do mundo?!!! Pois ficará a saber. Não ficou. O Pastor audaz e a Montanha e os seus Segredos e Mistérios vencem os exércitos do rei do mundo, que se perdem e afundam nos desfiladeiros e derrocadas arrepiantes... A partir daí, a Serra povoa-se de pastores, que fogem da tirania do rei do mundo e com ele partilham as suas enormes riquezas, mistérios e segredos... São os audazes antepassados de Viriato e seus suldórios, que derrotaram sucessivamente os numerosos exércitos da orgulhosa Roma e das Gentes que povoam a Serra da Estrela...
Mas outros numerosos exércitos apareceram e venceram... e vencem, agora, os pastores...
Quem somos nós agora afinal? Que fazemos? ... O que é para nós a Serra da Estrela?
J. P. da Serra 1988
"Quim"

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Mouras da Serra da Opa

Num Castro em ruínas de um passado distante, lindas mouras de cabelos de ouro, de formas esbeltas e de infinito encanto, presas por eternos desígnios a uma eternidade infinita. Num Castro da Serra da Opa, junto da Penha, lá vivem elas, lindas excessivamente lindas, escondidas naqueles mais recônditos lugares entre os misteriosos barrocos, viviam encantadas "Mouras", todos os Anos, na noite de S. João, saíam a estender preciosas meadas de ouro que guardam e só entregariam a quem, naquela noite, à meia noite, apanhar a semente do feto real.

E como os fetos abundam na serra da Opa, muitosdos habitantes da Moita, de geração em geração, têm subido, encosta acima, até ao cume da serra da Opa, a estender pelo chão lenços e toalhas, na ânsia de encontrar a planta que deixará cair a semente do feto real.

Muitos lá têm ido e de lá têm vindo sem as preciosas meadas de ouro, desiludidos, e mais que desiludidos, amedrontados e confusos, sem o valioso tesouro e essas lindas "Mouras Encantadas terem apreciado.

E assim, através das gerações, ao cair da meia noite todos os que têm pretendido quebrar o encanto, recolher as preciosas meadas de ouro. tendo na fuga, achado demasiado comprido, nessa noite o caminho da Serra da Opa ! E por isso, lá entre os barrocos, junto de enormes penedias, continuam encantadas, lindas, excessivamente lindas mouras, de tranças de ouro, a guardar, pelos séculos dos séculos, grandes e excessivas riquezas.
Pode  tambem ler esta e outras lendas em"MEMÓRIAS, USOS E COSTUMES DUM POVO - CASTELEIRO", De Daniel Machado
"Quim"

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A LENDA DO BEIJO ETERNO, SORTELHA, daria orijem há povoação chamada Casteleiro?

A LENDA DO BEIJO ETERNO, daria orijem há povoação chamada Casteleiro?
Consta que em tempos que já lá vão, quando havia Fadas e Varinhas de Condão, vivia na Torre do Castelo um Alcaide cuja esposa era muito virtuosa e respeitada pelos seus dotes de magia - era Fada.

O casal tinha uma única filha, que no tempo das guerras com os Mouros, se apaixonou por um Príncepe Mouro que estava chefiando o cerco a Sortelha há muitos meses.

Foi um amor que nasceu e cresceu apenas por olhares, gestos, sinais e mensagens.

O seu desejo de se encontrarem físicamente era enorme mas enorme era também a barreira que os separava - a religião e a guerra.

Mas uma noite, deu-se a coincidência de ficarem de sentinela à Porta da Torre, à Porta do Castelo e à Porta da Traição très soldados da confiança da Menina que conheciam a sua paixão e o seu amor impossível.

Pelas duas horas da madrugada, quando tudo dormia, os soldados não foram traidores porque não permitiram que entrasse mais ninguém mas autorizaram a entrada do Príncepe desarmado e a saída da Torre, à Menina.

Para não serem vistos, ele subia ansioso a encosta pedregosa do Castelo e ela descia apaixonada e silenciosamente.

Mas a sua Mãe, que, como disse, era Fada, teve um pressentimento que sua ficha se tinha levantado e iria fugir com um rapaz considerado inimigo e infiel, quando afinal o sonho do Casal era casarem-na com o valeroso e cristão filho do Alcaide do Sabugal, ali tão próximo, no Reino de Leão, com o quai haveria todo o interesse em estabelecer bons laços de vizinhança, levantou-se com jeitinho da cama para o marido, o Alcaide, não acordar e não originar grande alvoroço e escândalo.

Pensava até que a um brado da mãe, a filha, que até então se tinha mostrado tão religiosa, casta e obediente, caisse em si e se arrependesse da insensatez que ia praticar.

Quando a Fada se assumou no alto da muralha, viu que já se estavam Beijando.

Ficou tão chocada que num gesto precipitado, fez accionar a sua varinha de condão e ninguém mais voltou a ver a

Filha do Alcaide e o Príncepe.Nesse lugar onde eles estavarn ficaram apenas dois penedos beijando-se numa posição a que o povo chama de Beijo Eterno.

A Moirama, com o desaparecimento misterioso do seu chefe, retirou-se e o Alcaide de Sortelha, desgostoso e sem descendência renunciou ao cargo e com alguns que o quiseram seguir e deixar a guerra foi amanhar as boas terras de cultivo que possuia no fundo do vale, onde fundou uma povoação chamada Casteleiro.

Se a Lenda é verdadeira ou falsa não sei. O que sei é que estando no Corro, se olhar para a encosta do Castelo, lá vê os dois amantes transformados em penedos a beijarem-se eternamente.
Nota: É com autorização do Autor que publico esta Lenda. Pode encontrar esta e muitas ouras no Livro de Dr. vitor M. L. P. Neves. Sortelha museu aberto.
"J Gouveia"

O Mouro da Serra da Opa

Na Serra da Opa diz a lenda que à uma fenda na rocha. Esta caverna está ligada a uma velha lenda de "Mouros"... Em tempos que já la vão de um passado distante, havia neste local um palácio encantado onde vivia um velho mouro e a sua formosa e linda Filha. Um dia uma mulher do povo surpreendeu a moura a limpar o seu tesouro e, assaltada por um desejo irresistivel, decidiu vigiá-la para aproveitar a melhor altura de deitar mãos à grande e excessiva riqueza.

Um dia viu que o mouro e a Filha estavam à porta da caverna e, aproximando-se sem ser vista, surpreendeu a conversa entre os dois. 0 Pai não concordava em deixar partir a sua Filha para uma visita a umas primas do Castro em ruínas . O velho Pai temia morrer de repente e queria revelar¬Ihe o paradeiro de todos os seus tesouros escondidos, que eram muitos. Finalmente concordou e deixou-a partir com a sua aia.

Sabendo que o mouro ficava sozinho, a mulher voltou no dia seguinte com o seu marido e atacaram ambos o velho mouro, que caiu sem sentidos. Sem coragem para continuar naquela caverna escura, decidiram voltar mais tarde para levar o tesouro. Mas quando la' chegaram no dia seguinte, depararam com um pote de ferro que em vão tentaram abrir. Voltaram ao outro dia preparados com ferramentas mas não encontraram qualquer tesouro. A moura tinha voltado e escondeu toda a riqueza do seu Pai noutro local.

É de destacar,ainda um dito popular que diz pue entre a serra da Opa e Sortelha à um tesouro enterrado, o qual será encontrado," por rabo de ovelha, ou bico de relha"

As lindas mouras encantadas! Elas aí estão em muitos e muitos outeiros, grutas ou antas de Portugal! No seu interior há palácios, onde vivem rodeadas de imensas riquezas e luxos. Perto nasce sempre uma Fonte de água muito pura e cristalina que se transforma num lindo rio ou riacho. Como descobrir estes lugares?
"Quim"

Já contava a minha Avó

Já contava a minha Avó, que em tempos passados, da Moita se podia ver o brilho do ouro na Serra da Opa uma historia muito antiga, contada de Avó em Avó, pelos séculos fora, uma Senhora atraída pelas almejadas meadas de ouro, teve a ideia de tentar roubar algumas meadas de ouro, que estava ali nas lajes, ainda veio largas centenas de metros com as preciosas meadas de ouro na mão, mas depois teve de fugir e deitálo fora porque as "Mouras" vinhão atras dela enquanto as Mouras apanharam o ouro ela já estava a salvo. Mas sem o valioso tesouro dessas lindas "Mouras Encantadas".
"Quim"

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

As grandes vias da Lusitânia

Das trinta e quatro vias referidas no Itinerário de Antonino Pio para a Península Ibérica, onze respeitam ao actual território português: quatro de Brácara Augusta (Braga) a Astúrica Augusta (Astorga); uma de Olisipo (Lisboa) a Emérita Augusta (Mérida); uma da Salácia (Alcácel do Sal) a Ossonoba (Faro); e duas de Baesuris (Castro Marim) a Pax Júlia (Beja).

O estado actual da investigação neste domínio mostra que esta lista é muito incompleta, onde não estão registadas algumas vias principais e todas as secundárias.

Uma das estradas mais importantes do Portugal romano seria a via XVI do Itinerário de Antonino Pio, com uma extensão de 244 milhas (cerca de 360 Kms.), que ligava Olisipo (Lisboa) a Brácara Augusta (Braga), passando por Ierabriga (Alenquer), Scallabis (perto de Santarém), Selleum (Tomar), Conímbriga, Aeminium (Coimbra), Talabriga (Branca - Albergaria a Velha), Lancobriga (Fiães, Feira) e Cale (na margem esquerda do Douro); após a travessia do Rio Douro, seguia por S. Mamede Infesta, S. Pedro de Avioso, Quinta do Paiço e Vila Nova de Famalicão, o que é atestado pelo achado de miliários.

O traçado desta via, cuja construção poderia ter terminado ainda na primeira metade do século I, terá seguido em parte os antigos caminhos indígenas que já anteriormente haviam sido utilizados pelo exército romano nas diversas campanhas durante o período da conquista, sendo um exemplo a expedição de Décimo Júnio Bruto, em 137 AC.

Brácara encontrava-se ligada à capital da Lusitânia, Emérita Augusta (Mérida), por uma via imperial, em grande parte aberta no tempo de Augusto e não registada no Itinerário de Antonino Pio que, partindo desta cidade (Emérita Augusta) e após a passagem em Cáceres e a transposição do Tejo pela ponte de Alcântara, penetrava no actual território português por Segura, seguindo a Idanha-a-Velha (Egitânia), Vale de Lobo, Casteleiro, Sortelha (Lancia Oppidana) Centum Cellae (junto de Belmonte), Famalicão, Mangualde e Viseu. A partir daqui, a ligação a Brácara Augusta podia fazer-se directamente, seguindo a Castro Daire, Castelo de Paiva e, depois de cruzado o Douro; ao Freixo, Marco de Canavezes, Pombeiro, S. João da Ponte e S. Martinho de Sande, ou então pela via que, passando por S. Pedro do Sul, entroncava cerca de Talabriga (Branca - Albergaria a Velha) na via Olisipo - Brácara.
"Quim"

História de Portugal, Direcção de José Hermano Saraiva, Publicações Alfa

Calçadas Romanas

Outra grande marca da presença do povo romano nesta região. Sepulturas Medievais - Foram encontradas duas sepulturas não antropomórficas na Quinta das Barrentas. Uma delas é semelhante a um sarcófago em granito, e a outra é escavada na rocha, não muito profunda. Paisagem: Podem observar-se magníficas paisagens em relação à Serra da Vila, à Serra da Opa, ao Cabeço Pelado, à Presa e ao Casteleiro.
"Quim"

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Sepulturas em rochas nas proximidades, do Casteleiro



No vasto lagedo que cerca a igreja de Sortelha existem seis sepul­turas feitas em tempos imemoriais, talvez na época do don:inio romano. Quatro dessas pias sepulerais estão ao porte da igreja, muito perto uma das outras e duas do lado do nascente, igualmente muito prôximas e paralelas, tendo estas digno de nota o terem menos de um metro de comprimento. Foram por certo feitas para crianças e são as únicas que tenho visto da­quele tamanho.
"Quim"

Cai neve... cai neve... Cai neve no Casteleiro

Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria…
. Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho…

Cai neve, cai neve Cai neve,
na Serra da Estrela além
É branca, leve e fria
A neve que a Serra da Estrela tem
Sim Serra da Estrela
É longe, é alta, além
Não pode ir lá ninguém

Mas eu um dia
Com a minha fantasia
Peço à dona ventania
E ela me há-de levar
Pelo ar
Além
A ver a neve
Que Serra da Estrela tem.

Cai neve, cai neve
Cai neve no jardim
Branquinha cobre o chão
Então, tudo é branquinho assim.
"Quim"

sábado, 9 de janeiro de 2010

Cegonhas na torre do Casteleiro

Olha, a cegonha já está a fazer o ninho» - bom sinal:
O ritmo do Casteleiro continuava firme e seguro, o Ano ia decorrer bem.
A torre da Igreja é o local mais apetecido e disputado pelas cegonhas.
Era sempre um casal que volta exactamente ao mesmo ninho do ano anterior ali: no alto da torre.
Depois, deixaram de chegar, porque?
Deitar cedo e cedo erguer é coisa que a cegonha segue à risca. Mal nasce o dia preparam-se para o seu passeio matinal. Sem destino certo.
Tambem, deitar cedo e cedo erguer, para ir fazer a lavoura são costumes antigos, e os casteleirenses não fugiam ás regras, desta forma eles levantavam cedo para ir fazer a lavoura.
Os machos primam pela pontualidade. Voltam exactamente ao mesmo ninho do ano anterior e começam logo a prepará-lo para receber a sua amada, numa operação que demora entre oito a 15 dias. Logo que o tempo começa a aquecer, as crias exercitam os primeiros voos e partem para terras da África .
"O Emigrante", espaço e opinião de autoria de José Joaquim Gouveia
Bom Ano a todos.